domingo, 24 de julho de 2011

O Brasileiro Voador, a frustração de Tizuka Yamasak e minha também






           Por Lais Amaral

        Assisti parte da entrevista de Gilberto Scarpa com a cineasta Tizuka Yamasak, neste domingo no programa ‘Genial’, do Canal Brasil.  

        Entre muitos assuntos ela falou de sua maior frustração que foi não filmar “O Brasileiro Voador”, filme sobre a vida de Santos Dumont.

         Posso dizer que compartilho dessa frustração com a cineasta.

         Li, com certo entusiasmo o romance de Márcio Souza lançado na segunda metade da década de 80, e que, em forma de roteiro, serviria de base para a futura produção franco-brasileira sobre o genial brasileiro.

         O filme seria sobre o inventor Santos Dumont, e não precisamente sobre sua vida. Mostraria suas peripécias nos céus de Paris.

         E pelo livro de Márcio Souza, já dava para sonhar com uma super produção nacional. Fiquei ansioso à espera.

         Numa festa de lançamento de um festival de cinema no Rio, no Palácio da Cidade, já nos anos 90, encontrei a cineasta Tizuka Yamasak e perguntei sobre o filme.

         E ela respondeu protocolarmente, como se responde a um estranho, que a produção dificilmente sairia. Arrisquei uma segunda pergunta, acredito que até mais envolta em emoção já que a decepção era real para mim.  

         E ela com meia dúzia de vocábulos me fez entender que não conseguiram recursos.  

          Agora, passado pelo menos uns quinze anos, a vejo confirmar no programa do Canal Brasil que seria uma produção maravilhosa, e evidentemente, cara.

          Com todos aqueles dirigíveis, o 14 Bis, as locações em Paris, a reconstituição de época, os figurinos...uma pena.

          E mais, que da produção, que seria franco-brasileira os recursos por parte da França já tinham sido obtidos. Faltou a parte daqui.

          Tizuka até pensara num ator para o papel principal, que poderia ser Tom Hulce, que viveu Mozart no premiado Amadeus, de 1984. Seria necessário também um ator de peso internacional para facilitar a captação de recursos.

          Seria sem sombra de dúvida um filme apaixonante. A vida do pequeno mineiro que um dia, indagado pela mãe sobre o que pretendia fazer na Europa, respondeu na lata: voar.

          O pai desse genial personagem brasileiro era um engenheiro que ficou milionário com a produção de café em Ribeirão Preto.

          Ele teria dito ao filho que estando na Europa deveria pensar em estudar mecânica e eletricidade, que seriam as vertentes do próximo século.

          Certamente se o pai de Santos Dumont fosse vivo hoje, como homem de visão que era, financiaria uma filme espetacular como esse. Um filme contando a saga, simplesmente, do inventor do avião.

          Um dos personagens mais extraordinários do mundo moderno.  
Seria bom para a Embraer. Bom para o país e bom para estimular a imaginação de muita gente.  

          Sempre lemos e ouvimos histórias de playbois, filhos de milionários, que tem como único esporte torrar a fortuna dos pais em futilidades.

          Um desses milionários, bem que, cansado de ganhar tanto dinheiro e não saber onde enfiar, poderia financiar uma produção como a de “O Brasileiro Voador”.  Entraria pra História.

          Mas como isso é praticamente impossível de acontecer, Diógenes com sua lanterna não encontraria alguém assim, sugiro a leitura do livro ‘O Brasileiro Voador’, de Márcio Souza que pode ser encontrado em qualquer site de compras, bem baratinho.