O acadêmico americano, Morris Berman |
"A imprensa pode causar mais danos que a bomba
atômica. E deixar cicatrizes no cérebro." Noam Chomsky.
“Com
o tempo, uma imprensa cínica, demagógica e corrupta formará um público tão vil
quanto ela mesma”. Joseph Pulitzer, jornalista (há mais de um
século).
"A imprensa deixou há
muito de informar, para apenas seduzir, agredir e manipular." Prof. Andrew Oitke, catedrático de
Antropologia em Harvard.
Por: Lais Amaral
Neste artigo, o jornalista Paulo
Nogueira, comenta o livro “Porque os Estados Unidos Fracassaram”, do americano
Morris Berman. O livro ainda não foi traduzido para o português. Bastante
interessante para quem pretende conhecer um pouco mais desse país que vive sua
decadência como ‘Império’, embora a Velha Mídia Comercial tente nos vender
outra realidade. .
Paulo Nogueira – 27/12/2012
Morris Berman, 67 anos, é um acadêmico
americano que vale a pena ser conhecido. Acabo de ler “Porque os Estados Unidos
Fracassaram”, dele.
A primeira coisa que me ocorre é:
tomara que alguma grande editora brasileira
se interesse por este pequeno – 196
páginas – grande livro.
A questão do título é respondida
amplamente. Você fecha o livro com uma compreensão clara sobre o que levou os
americanos a um declínio tão dramático.
O argumento inicial de Berman diz tudo.
Uma sociedade em que os fundamentos são a busca de status e a aquisição de
objetos não pode funcionar.
Berman cita um episódio que viu na
televisão. Uma mulher desabou com o rosto no chão em um hospital em Nova York.
Ela ficou tal como caiu por uma hora inteira, sob a indiferença geral, até que
finalmente alguém se movimentou. A mulher já estava morta.
“O psicoterapeuta Douglas LaBier, de
Washington, tem um nome para esse tipo de comportamento, que ele afirma ser
comuníssimo nos Estados Unidos: síndrome da falta de solidariedade”, diz
Berman.
“Basicamente, é um termo elegante para
designar que não dão a mínima para ninguém senão para si próprio. LaBier
sustenta que a solidariedade é uma emoção natural, mas logo cedo perdida pelos
americanos porque nossa sociedade dá foco nas coisas materiais e evita reflexão
interior”.
Berman afirma que você sente no ar um “autismo
hostil” nas relações entre as pessoas nos Estados Unidos. “Isso se manifesta
numa espécie de ausência de alma, algo
de que a capital Washington é um exemplo perfeito. Se você quer ter um amigo na
cidade, como Harry Truman disse, então compre um cachorro.”
O americano médio, diz ele, acredita no “mito” da
mobilidade social. Berman nota que as estatísticas mostram, que a imensa
maioria das pessoas nos Estados Unidos morrem na classe em que nasceram.
Ainda assim, elas acham que um dia vão ser Bill
Gates. Têm essa “alucinação”, em vez de achar absurdo que alguém possa ter mais
de 60 bilhões de dólares, como Bill Gates.
“Estamos assistindo ao suicídio de uma nação”, diz
Berman. “Um país cujo propósito é encorajar seus cidadãos a acumular
mercadorias no maior volume possível, ou exportar ‘democracia’ à base de
bombas, é um navio prestes a afundar.
Nossa política externa gerou o 11 de Setembro, obra
de pessoas que detestavam o que os Estados Unidos estavam fazendo com os países
delas. A nossa política (econômica) interna criou a crise mundial de 2008”.
A soberba americana é sublinhada por Berman em
várias situações. Ele cita, por exemplo, uma declaração de George W Bush de
1988: “Nunca peço desculpas por algo que os Estados Unidos tenham feito. Não me
importam os fatos.”
Essa fala foi feita pouco depois que um navio de
guerra americano derrubou por alegado engano um avião iraniano com 290 pessoas
a bordo, 66 delas crianças. Não houve sobreviventes.
Berman evoca também a Guerra do Vietnã. “Como entender
que, depois de termos matado 3 milhões de camponeses vietnamitas e torturado
dezenas de milhares, o povo americano ficasse mais incomodado com os protestos
antiguerra do que com aquilo que nosso exército estava fazendo ? É uma ironia
que, depois de tudo, os reais selvagens sejamos – nós.”
Voce pode perguntar: como alguém que tem uma visão
tão crítica – e tão justificada – de seu país pode viver nele ?
A resposta é que Berman desistiu dos
Estados Unidos. Ele vive hoje no México, que segundo ele é visceralmente
diferente do paraíso do narcotráfico pintado pela mídia americana — pela qual
ele não tem a menor admiração.
“Mudei para o México porque acreditava
que ainda encontraria lá elementos de uma cultura tradicional, e acertei”, diz
ele. “Só lamento não ter feito isso há vinte anos. Há uma decência humana no
México que não existe nos Estados Unidos.”