Dilma, vencedora nas eleições municipais |
“Com o tempo, uma imprensa cínica, demagógica e corrupta formará um público tão vil quanto ela mesma”. Joseph Pulitzer, jornalista (há mais de um século).
"A imprensa deixou há
muito de informar, para apenas seduzir, agredir e manipular." Prof. Andrew Oitke, catedrático de
Antropologia em Harvard.
"A imprensa pode causar mais danos que a bomba
atômica. E deixar cicatrizes no cérebro." Noam Chomsky.
Por Antônio Augusto de Queiroz
O resultado das eleições municipais
fortalece a base de apoio do governo, vitoriosa nas urnas, e reduz o tamanho da
oposição, que perdeu prefeituras em relação ao pleito de 2008. A correlação de
forças no Congresso mantém-se amplamente favorável ao governo da presidenta
Dilma Rousseff.
Os três vetores que poderiam alterar
a correlação de forças no Congresso – substituição de parlamentares eleitos no
pleito municipal, perda de votos e de unidade do núcleo ideológico de
sustentação do governo e redução do número de prefeitos e vereadores dos
partidos da base – são favoráveis ao governo, conforme veremos a seguir.
Dos 92 parlamentares – 87 deputados e
cinco senadores – que concorreram ao pleito municipal, como prefeito ou
vice-prefeito, dois desistiram, quinze deputados foram eleitos no primeiro
turno e 21 congressistas, dos quais dezenove deputados e dois senadores, vão
disputar o segundo turno. Os eleitos, tanto no primeiro quanto no segundo
turno, serão substituídos por suplentes do próprio partido ou da coligação.
Logo, a relação entre governo e oposição, desse ponto de vista, ficará
praticamente inalterada.
O núcleo ideológico de sustentação do
governo Dilma – formado pelos partidos de esquerda e centro-esquerda –
permanece unido, mesmo tendo havido disputa eleitoral acirrada em alguns
municípios, e todos tiveram votação superior ao pleito de 2008, especialmente o
PT, primeiro lugar em número de votos, e o PSB, a legenda que obteve maior
crescimento entre os partidos da base. PDT e PCdoB também tiveram mais votos
que na eleição municipal anterior.
Apesar da campanha difamatória contra
o PT e seus aliados no plano federal em todo o período eleitoral, a base
cresceu em número de prefeitos e vereadores, o que reforça o acerto do governo
em sua política de crescimento com justiça social. O PT, por exemplo, elegeu
626 prefeitos e mais de 5 mil vereadores, com crescimento da ordem de 15% em
número de prefeituras.
A oposição, que fez do denuncismo sua
arma política, foi a grande derrotada, em número tanto de votos quanto de
prefeitos e vereadores. O DEM foi reduzido à metade e o PSDB perdeu no
conjunto, mas sofreu os maiores prejuízos em seus principais redutos
eleitorais: São Paulo, Minas Gerais e Paraná.
O PSDB, nesse aspecto, ainda
conseguiu disfarçar a perda de base e de consistência política ao reivindicar
para si a vitória do candidato do PSB em Belo Horizonte, embora tenha perdido,
inclusive para o PT, importantes cidades de Minas Gerais. Além disso, também
foi derrotado em Curitiba, onde o candidato apoiado pelo governador tucano nem
sequer foi para o segundo turno, que será disputado por dois outros partidos da
base: PDT e PSC.
Na oposição, com exceção do PSOL, que
faz um questionamento à esquerda, todos perderam: PPS, PSDB e DEM. E, quanto
mais conservadora ou de direita a postura política, maiores foram as perdas
eleitorais desses partidos.
Entre os independentes, houve
crescimento. O PSD, recém-criado, elegeu 493 prefeitos, em especial prefeituras
de pequeno porte, muitas delas antes administradas pelo DEM. E o PV, que em
2008 elegeu 76 prefeitos, em 2012 sufragou 96. No Parlamento, esses partidos
têm votado majoritariamente com o governo da presidenta Dilma.
Nas cinquenta cidades em que haverá
segundo turno, a tendência é de vitória dos partidos da base. Em 24 delas a
disputa se dará entre partidos da base; em dezessete, entre oposição e
situação; em cinco, entre partidos da base e independentes; em duas, entre
oposição e independentes; e em duas, exclusivamente entre partidos de oposição.
O projeto político da presidenta
Dilma e do PT, portanto, foi amplamente vitorioso nesse primeiro turno do
processo eleitoral. E as perspectivas para o segundo turno, a julgar pelo
quadro descrito, são excelentes para o governo e também para o PT, que concorre
em 22 dessas cidades.
Considerando a conjuntura de
criminalização do PT e do governo, o desempenho eleitoral do partido e da base
de sustentação do governo federal, com crescimento em número de votos, de
prefeito e de vereadores, foi excepcional.
Antônio Augusto de Queiroz é jornalista, analista político
e diretor de documentação do Diap