terça-feira, 2 de agosto de 2011

Um projeto para Resende cumprir sua vocação


Do Blog da Nice Pinheiro



           Por Lais Amaral


Resende é uma cidade progressista localizada no extremo sul do Estado do Rio de Janeiro. Com certeza muita gente de outros lugares conhece ou já ouviu falar do município com esse cartão de visitas.   

            Com certeza alguns mais antigos tem uma vaga lembrança sobre uma manteiga de nome exótico, Agulhas Negras, que inclusive freqüentou com exclusividade a mesa matinal do presidente Getúlio Vargas, no Catete.

         Outros ainda, em maior número atesto, conhecem de nome o município que abriga em seu território a maior academia militar da América Latina. A Academia Militar das Agulhas Negras.  

          Tudo é verdade. Aqui já se produziu uma dos melhores manteigas do país quando éramos a segunda maior bacia leiteira do estado. Aqui está instalada a Aman. E progressista é um adjetivo que veste bem a cidade, sim.      

         Mas quem olha Resende de perto, embora possa se encantar com os ares modernos de sua arejada entrada, vias amplas com poucos cruzamentos, na verdade novidades dos últimos dois anos, sem muito esforço perceberá bolsões de entraves urbanos, que resultam de equívocos e miopia administrativa de alguns de seus mandatários nas últimas décadas.

         Resende tem um pé no turismo, baseado na oferta natural, uma história interessante, mas para a qual deu as costas há muito tempo e uma real vocação para o desenvolvimento industrial. Eis o perigo e a fortuna.

         A marca de cidade industrial sufocou as demais vocações, potenciais vertentes de desenvolvimento do município. Foi o tal “progressivismo” que toldou as mentes dos administradores públicos de perfil mais conservador, mas que ostentavam verniz modernoso e queriam ser visto assim.


Progressivismo, o falso progresso de
pseudo-modernos administradores públicos


         Foi assim que em determinado momento da história recente, a palavra de ordem era “trazer indústrias” para o solo resendense, pois isso era sinônimo de progresso.

Tudo com a plausível justificativa da localização privilegiada, praticamente eqüidistante dos maiores e mais ricos centros consumidores do país, as margem da principal rodovia, com ferrovia e proximidade com importantes portos. 
        
          Enquanto essa idéia pouco discutida era vendida aos cidadãos, pouco, ou nada se fazia em dotar a cidade de uma infra-estrutura que se equiparasse à demanda humana que aqui aportaria, com seus penduricalhos. Bons e maus.

         Sem contar que o Brasil no governo Lula deu um salto e os ocupantes do trem da Classe Média se multiplicaram em número vertiginoso. Hoje no município há um carro para cada três habitantes.

         E Resende tem deficiências de soluções viárias, ocupações industriais em margem de rio, instalações industriais na rota do desenvolvimento da cidade, deficiência de acesso à via Dutra e gargalos consideráveis em horários de pico.        


De Tácito Viana Rodrigues
ao Instituto José Pessoa

         Tirando uns poucos nomes, como, por exemplo, o do engenheiro Tácito Viana Rodrigues, que mesmo não sendo prefeito, pensou a cidade olhando um pouco a frente, Resende sofreu com abandono de soluções urbanas. O imediatismo passou a ser a ordem do dia da maioria dos governantes. 

Sem contar em políticas mal conduzidas que redundaram na emancipação dos distritos de Itatiaia e Porto Real, o que se mostrou ruim para o município. 

 O atual prefeito, um jovem médico filiado ao DEM, mas eleito no lombo de uma coligação que elenca um espectro partidário que vai do próprio DEM, ao PC do B, passando por PDT, PSB, PSDB e outros quejandos, ousou mexer no vespeiro do nó do trânsito, alargando vias, extinguindo cruzamentos, criando calçadões e por aí afora.

Mas ele mesmo sabe que as soluções que vem implementando já chegaram tarde. Resende cresceu muito e sem planejamento.

Claro que outras propostas de solução urbana e social estão para sair de seu bisturi, mas o seu principal legado é acenar com a criação de uma instância para pensar o município para as próximas décadas.       
           
          O Instituo Marechal José Pessoa vai reunir cientistas, políticos, comerciantes, industriais, profissionais autônomos, técnicos de vários matizes com o objetivo de pensar soluções urbanas linkadas ao bem estar da população para o futuro.  
        
         O projeto do instituto que leva o nome do militar que trouxe a Academia para Resende chega à Câmara Municipal ainda este ano.

Foi o próprio prefeito José Rechuan quem escolheu o nome, também uma homenagem aos 200 anos da Academia Militar. 

         Acredito que essa nova esfera, tendo vida institucional independente dos governos, ajude a colocar a cidade nos trilhos rumo à sua vocação de cidade autenticamente progressista. Que assim seja !